Ao longo de milênios, a humanidade tem repetido padrões de revestimentos simples, geralmente baseados em quadrados, retângulos ou formas irregulares aleatórias. Esses designs básicos, práticos e acessíveis, foram amplamente utilizados pela maioria das culturas e classes sociais, devido à facilidade de produção e aplicação.
Por outro lado, padrões mais elaborados como hexágonos, chevron, estrelas e outros formatos complexos sempre foram reservados a classes mais elevadas e locais de prestígio, sendo considerados símbolos de status e refinamento. Esses padrões sofisticados exigiam técnicas mais avançadas e recursos especializados, tornando-os raros e exclusivos.
Alguns exemplos impressionantes desses padrões podem ser encontrados em sítios arqueológicos, revelando como essas formas ornamentais eram usadas para destacar ambientes especiais e marcar diferenciação social. Confira na galeria abaixo uma seleção desses achados históricos, que mostram a sofisticação e o cuidado estético das antigas civilizações.
O padrão construtivo mais comum e prático é o costurado (como nos tijolos) ou o alinhado (como nos azulejos). Esses formatos dominam a maioria dos revestimentos justamente por serem fáceis de aplicar, maximizarem o aproveitamento do material e minimizarem as perdas durante a instalação. Quando aplicados na diagonal, por exemplo, as perdas aumentam, já que há mais recortes nas bordas das áreas revestidas.
Esses padrões, no entanto, são visualmente neutros e não transmitem mensagens estruturais ou conceituais por si só. Sua simplicidade e neutralidade os tornam opções seguras e funcionais. As novas tendências que ganham espaço atualmente, com formas geométricas mais ousadas e inusitadas, não surgem apenas como um revival de padrões antigos ou como tentativa das indústrias de combater a monotonia para impulsionar vendas. Elas refletem um momento tecnológico e estético específico.
O avanço tecnológico e o desejo por personalização têm permitido que nichos específicos de arquitetura e design de interiores explorem formas e geometrias mais complexas. No entanto, para que essas tendências sejam adotadas, é essencial que haja um diálogo claro e identificação entre o consumidor e o produto. Sem essa conexão, as propostas não se materializam no mercado, independentemente de sua complexidade ou apelo visual.
Pesquisas avançadas sobre supermateriais, tecidos de altíssima resistência, grafeno, teflon, nanotecnologia, mineralogia, coletes à prova de bala e até mesmo as propriedades das teias de aranha têm impactado profundamente o design e a construção contemporânea. Esses avanços estão transformando as unidades construtivas que antes eram meramente quadradas e funcionais, elevando-as a novos patamares que evocam estruturas e elementos químicos.
Essas novas formas remetem a figuras inspiradas pela natureza, como o anel de benzeno, minerais preciosos, e arranjos atômicos cristalinos, como os do grafeno e de diversos compostos da química orgânica. Elas também refletem as formas visíveis dos minerais em estado natural, que são determinadas pelas suas conexões atômicas. Essa influência da natureza em nível molecular não apenas enriquece esteticamente, mas também introduz um novo vocabulário visual, integrando ciência e design de maneira nunca antes vista.
Essas novas estéticas não são apenas decorativas; elas carregam um significado intrínseco e uma narrativa que dialoga com a nossa era tecnológica, e com a diversidade cultural que impulsiona novas formas de expressão e experimentação.
A arquitetura e o mobiliário, como reflexos de nossa época, naturalmente absorvem os avanços tecnológicos, e nossa percepção da harmonia atua como ponte para essa integração. É por isso que texturas "avançadas" e formas inovadoras estão invadindo nossos lares, comércios e espaços públicos, trazendo consigo a sensação de que o futuro já chegou.
Texturas tridimensionais, viabilizadas pelos avanços técnicos na indústria cerâmica e por decisões de produção inovadoras, elevam a experiência sensorial, sinalizando que vivemos em uma era onde a tecnologia e o design se encontram de forma sofisticada. E mais: ambientes que incorporam essas características tecnológicas não apenas enriquecem a estética, mas também influenciam positivamente o comportamento e o desenvolvimento educacional de seus usuários, estimulando o crescimento e a inovação.
Embora ainda não tenhamos impressoras residenciais como aquelas testadas para construir habitações em Marte, as formas orgânicas inspiradas na natureza, como a colmeia de abelhas vista ao microscópio, estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Empresas do setor investem há anos para tornar essas linguagens acessíveis, trazendo para o design contemporâneo uma fusão entre tecnologia e natureza.
Nessa dança entre o rigor dos ângulos de 90°, que são industriais, econômicos e neutros, e as formas mais orgânicas e inovadoras, a escolha de cada detalhe deve ser cuidadosa. É essencial contar com profissionais que saibam orientar e criar espaços que equilibram funcionalidade e estética, garantindo ambientes que proporcionem prazer e conforto na medida certa.
Abaixo, você encontrará sugestões de mobiliários que exploram essas novas texturas e formas, utilizando marcenaria e outras técnicas, com variações de custo para atender a diferentes necessidades e orçamentos. Inspire-se e lembre-se: uma simples linha ou textura, como uma diagonal de LED, pode transformar um ambiente e abrir novas possibilidades de percepção. Pensar fora da caixa é, literalmente, ultrapassar os limites do quadrado e explorar novas direções. Que as críticas ao cartesianismo não fiquem apenas no discurso, mas se transformem em práticas que viabilizem nossos sonhos sem comprometer a funcionalidade e acessibilidade do design.
Fonte das imagens: internet.
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Texto por Arquiteto Gabriel Noboru Ishida - www.arkdesign.com.br
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