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Ficar em casa e COVID-19: Lições que aprendemos

Atualizado: 2 de jul. de 2020



Uma nova época acaba de começar. Com características que serão melhores para alguns, nem tanto para outros. E não haverá volta.

Valores tradicionais emergem novamente, depois de terem sido forçadamente incubados, progressivamente, por mais de 60 anos de experimentos sociais e vetores culturais que permaneceram após lutas justificadas. Lutas estas que em alguns pontos, já não são mais contra os mesmos oponentes (pois tudo muda).


A estética disruptiva anticlássica agora perde sua força pois seu fundamento era ideológico, e não funcional ou harmônico. Era uma estética anti-organizacional e anti-hierárquica por natureza. Para quem não conhece ainda, o topo desse enorme iceberg em degelo, chama-se deconstrutivismo (ou desconstrutivismo). Toda estética da contracultura (enquanto a cultura base era clássica) seguia essa linha de relação com a realidade social e econômica, estética, discursiva.


Argan em seu livro Arte Moderna, chama isso de “pitoresco”, mas quando ele fez a análise, não poderia ser claro que a batalha fosse entre a estabilidade da vida em família, dos valores tradicionais ocidentais, da hierarquia social mínima necessária, contra diversas idéias antagônicas que hoje, majoritariamente, são chamadas em conjunto de marxismo cultural: uma combinação de guerra informacional entre Estados e também entre conceitos autônomos, que se instalaram como espécies invasoras em ecossistemas (no domínio da noosfera chardiniana) que sempre foram instáveis e pouco saudáveis. Se bem que a análise arganiana abarque itens que remontam a muito antes da existência da problemática marxista, em termos de arte, essa dualidade entre caos e particularidade individual x super ordem (as vezes até opressora) social, é algo bem mais antigo.


No período romano, ao final de sua grandiosidade cultural romano-cêntrica, provavelmente a chamavam de estética “bárbara”, já que quase qualquer povo do mundo que não fosse romano era chamado de bárbaro, precisamente porque suas estéticas não eram matemáticas nem universalizantes como a Greco-romana propunha e em grande parte, conseguiu (estética como expressão de valores considerados civilizados, representados pela arte).


Atualmente, para quem já desfrutava o hábito de saborear e investir em sua própria casa ou local de trabalho, através da construção de um ambiente perfeitamente resolvido e lindo, ficar em casa durante a quarentena não foi, nesse aspecto, um desafio tão grande. Muito pelo contrário.

E “resolvido”, quero dizer de um ponto de vista funcional, estético, mas também e principalmente, do ponto de vista social e com relação a maturidade e valores pessoais.

Algumas pessoas investem em gadgets - ok, eu também gosto, muita gente gosta.

Outras investem em jogos, em carros financeiramente desnecessários, em roupas de marca. Alguns investem em equipamentos de som para o carro, bem potentes, caros e barulhentos...


Se por um lado estamos cercados de redes sociais que induzem muitos a fazer de tudo para provocar inveja nos outros (e eu já fechei quase todas as minhas redes sociais...), por outro lado, há uma quantidade enorme de pessoas resolvidas que nem chegaram a abrir redes, ou ainda, não precisam exibir sua vida particular.



Não que isso seja errado, ou negativo, apenas que as pessoas em geral, e com grande freqüência, se esquecem de olhar para suas próprias casas.

E essa quarentena está sendo uma grande oportunidade para essa auto análise: onde estamos investindo nosso dinheiro, valores, expectativas, desejos e sonhos? Para os outros ou para nós mesmos? Qual o ponto de equilíbrio? Afinal de contas, vivemos em sociedade.

E o sucesso e a beleza só existem quando compartilhados. Adão não sabia que era rico nem se Eva era linda ou feia! E quem pode negar que temos

tais necessidades, inclusive, para nosso próprio desenvolvimento? Ainda que existam pessoas com aversão a beleza (eu já vi isso, mais de uma vez!), difícil é negar que conforto, beleza e bem estar sejam fatores muitíssimo importantes na vida de qualquer pessoa, no caso, daquelas que já saíram da base da pirâmide de prioridades (comida, abrigo, segurança e similares).


Aproveito a oportunidade para citar que, um sem número de vezes, pude apreciar barracos com carrões na garagem. E o desde sempre status quo, do morador desse barraco que tem roupas que custam uma fortuna.

Compreendemos, que é dureza, e precisamos de alguma felicidade. Deixo esse debate para outros, eu não arrisco emitir opiniões, estou apenas apresentando fatos, no risco de ser mal interpretado e criticado.


E incluo aqui, minha interpretação pessoal, de níveis de moradia, aos quais estamos sujeitos:


1° – Nosso espírito, que em última instância, define quem somos.

2° – Nossa mente, nosso intelecto, nossa cultura: agregados que não nos definem, mas moramos neles.

3° – Nosso corpo – vivemos nele 24/7, não é mesmo? De que adianta todos os bens materiais resolvidos, se não cuidamos mais ainda de nosso corpo (aparência e saúde)?

4° – Nossa casa, nossa cama: passamos 1/3 ou 1/4 da vida na cama, e raramente as pessoas dão a devida importância. E mais o mesmo período de tempo em casa. E esses locais, podemos controlar, investir, corrigir, melhorar, ajustar. Pois vão influenciar no período de sono, e de descanso, e de prazer, lazer, convívio, e definir nosso destino, tanto quanto ou mais que o próprio trabalho. Pois é ali que todos os dias, reajustamos nossas velas, para navegar no social do dia seguinte.

5° – Nosso trabalho, e normalmente não temos muito o que fazer pois a maioria das pessoas trabalha como funcionário e não como proprietário.

6° – Nosso veículo, que apesar de não permanecermos muito tempo no mesmo, são um “atestado” do nível de sucesso que atingimos. Mas devemos tomar cuidado para não ser mais que isso. Pois a opinião alheia é tão mais importante quanto mais adolescente for o envolvido.


A maturidade é linda.





Fonte das imagens: internet.

Texto por Arquiteto Gabriel Noboru Ishida (11)999128929 - www.arkdesign.com.br


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