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Foto do escritorArq. Gabriel Noboru Ishida

Como identificar os materiais de marcenaria e interiores

Atualizado: 10 de out. de 2024

Como arquiteto e marceneiro com décadas de experiência, percebo que muitos clientes não sabem diferenciar materiais utilizados em interiores, como madeiras maciças e suas imitações. Embora o público geral não tenha essa obrigação, é importante que compreenda, pois isso facilita o diálogo, entendimento de orçamentos e avaliação da qualidade do trabalho entregue. Empresas de baixa qualidade podem se aproveitar dessa desinformação para enganar clientes. Meu objetivo é orientar você, trazendo clareza sobre os materiais mais comuns utilizados em projetos e obras de interiores.


Madeira maciça


A madeira maciça, apesar de parecer simples de identificar, pode confundir. A principal característica que a diferencia é o topo das chapas, onde os veios transversais revelam o grão natural da madeira, algo que não pode ser replicado por fitas de topo. Isso é perceptível nas quinas, onde a continuidade dos veios evidencia a autenticidade do material.

Embora a textura da madeira possa ser simulada em chapas folheadas de compensado, existem formas de diferenciá-las. A principal diferença está no topo das chapas: no compensado, os veios aparecem em linhas transversais a 90°, diferente da madeira maciça, onde os veios são contínuos. Além disso, as laterais do compensado apresentam veios que não coincidem com os do topo, o que não ocorre com a madeira autêntica, que mantém a continuidade dos veios em todas as superfícies.

A madeira maciça pode sofrer leves empenamentos com o tempo e apresenta um som mais sólido ao toque, já que seus veios tensionados agem como elementos acústicos — motivo pelo qual violinos de qualidade têm preços elevados.


Em materiais não maciços, como chapas folheadas, os veios do topo geralmente não coincidem com os do tampo, indicando que se trata de uma folheação colada sobre um substrato, como o compensado. Isso é visível em mobiliários onde os veios são interrompidos ou desconexos entre as superfícies.


Cadeiras, pernas de mesas, racks e peças similares costumam ser feitas em madeira maciça, aproveitando sua durabilidade e resistência. Em peças de design, é comum ver acabamentos refinados, como junções em meia esquadria ou encaixes em ângulos diversos, incluindo retos, demonstrando cuidado e habilidade artesanal na execução para garantir um visual preciso e elegante.







Chapa de compensado


A chapa de compensado, ou "plywood", desenvolvida em 1865, foi crucial para o design moderno e a escola Bauhaus, pois possibilitou a criação de peças leves e resistentes. Esse material é feito com camadas de madeira prensadas, com veios cruzados que garantem resistência em ambas as direções, algo que a madeira maciça não oferece. No entanto, essa construção também implica certa perda de resistência em um dos eixos, o que limita seu uso em algumas aplicações.

O processo de fabricação utiliza temperaturas elevadas e colas bicomponentes, o que pode causar ondulações sutis na superfície, facilmente percebidas ao toque. Compensados folheados, quando analisados de perto, revelam essas ondulações, facilitando sua identificação.


Além das variações de compensado comum e naval, o naval, que é mais resistente à água, ainda precisa de cuidados, pois, em contato prolongado com umidade, pode estufar e mofar. É importante aplicar seladoras impermeabilizantes, principalmente em fundos de móveis, para evitar danos em contato com a umidade das paredes, especialmente em imóveis térreos, que são mais propensos a infiltrações.




COMPENSADO PARA CAIXARIA



O compensado para caixaria é semelhante ao compensado naval, mas com algumas particularidades importantes que o tornam ideal para uso na construção civil. Ele possui camadas externas revestidas com uma resina hidrofugante, geralmente preta, que impede a adesão do concreto, permitindo que as formas sejam desenformadas facilmente e reaproveitadas diversas vezes, otimizando custos e recursos.


Esse material é amplamente utilizado para moldar pilares e vigas em obras. As camadas internas são compostas de madeira de alta resistência, garantindo durabilidade mesmo em situações adversas, como exposição à umidade e ao peso do concreto. A resina aplicada nas superfícies age como uma barreira contra a infiltração de água, mantendo o compensado em boas condições por mais tempo.


Além de ser reutilizável, essa chapa é fundamental para garantir precisão nas formas e estruturas, o que é essencial em construções modernas que exigem padrões rigorosos. O uso desse tipo de compensado não apenas reduz o tempo de execução das obras, como também minimiza os desperdícios de material e aumenta a sustentabilidade dos processos construtivos. É uma escolha econômica e inteligente para quem busca eficiência em obras civis.


COMPENSADO FOLHEADO


O compensado folheado é feito a partir de compensado comum ou naval, que é revestido com folhas de madeira natural, criando uma aparência semelhante à madeira maciça. Essas folhas são aplicadas nas superfícies e topos, resultando em veios contínuos que seguem a direção da chapa, ao contrário dos veios transversais encontrados na madeira maciça. Isso facilita sua identificação.


Essas folhas são extraídas de troncos reais, descascados em formato cilíndrico, permitindo a obtenção de lâminas de diversas espécies de madeira, desde que tenham um grão estável e resistente. O processo garante versatilidade e a possibilidade de replicar visualmente diferentes tipos de madeira, mantendo custos mais acessíveis e aproveitando melhor o material. Além disso, o compensado folheado é amplamente utilizado em móveis e revestimentos, conferindo um acabamento natural e sofisticado, ideal para quem busca a estética da madeira sem o custo e as limitações da madeira maciça.


Após serem cortadas em formato retangular, as folhas de madeira natural são vendidas e aplicadas nos móveis com cola de contato, similar ao processo de aplicação da fórmica. Para lustrar um móvel folheado, é necessária habilidade com a “boneca” (uma bola de estopa fina usada para aplicar seladora), uma técnica que aprendi ainda jovem com meu pai. Atualmente, o método mais comum envolve o uso de pistolas de pintura, que proporcionam um acabamento mais uniforme e eficiente, mas o método tradicional ainda é valorizado por quem busca um toque artesanal.


FÓRMICA


Fórmica, na verdade, é uma marca registrada, mas o termo se popularizou para se referir ao laminado de alta pressão ou laminado melamínico, material resistente e flexível. Utilizado tanto em tampos quanto em bordas de portas e gavetas, é conhecido por sua durabilidade. O modelo Postforming permite dobrar a fórmica em alta temperatura usando uma dobradeira, ideal para curvas com raio menor que 4cm. Para raios maiores, a aplicação é feita a frio, utilizando cola de contato, oferecendo versatilidade em projetos de móveis e interiores.



A fórmica apresenta uma ampla variedade de padrões que imitam madeiras, mármores, granitos, aço inox e outras opções decorativas. Para identificar um móvel revestido com fórmica, observe as quinas: se houver linhas escuras, é um indicativo do material melamínico. A fórmica é mais resistente a riscos profundos comparada ao MDF revestido, devido à sua maior densidade e espessura.


Embora tenha caído em desuso pela praticidade do MDF, revestimentos de PVC têm surgido como alternativa, com chapas largas e flexíveis que não deixam borda preta, embora não sejam tecnicamente "fórmicas". Esses revestimentos são termicamente flexíveis e apresentam um núcleo com cor correspondente à superfície, o que evita lascas e proporciona um acabamento contínuo.


MDF


MDF, ou Medium Density Fiberboard, é um material homogêneo feito de fibras de madeira aglutinadas com resinas catalisadas, similar a um papelão rígido. Amplamente usado no setor moveleiro no Brasil, o MDF possui diversas variações em padrões, cores e texturas. Para acabamento, utiliza-se fita de topo, aplicada com coladeira térmica ou cola de contato.



O MDF comum não é resistente à água; mesmo selando com fitas e colas, a umidade pode causar estufamento. Para áreas úmidas, o MDF Ultra foi uma solução, mas atualmente sua resistência é limitada e restrita a chapas brancas.


As fitas de topo, feitas de PVC, são visualmente idênticas à superfície, mas possuem diferenças sutis em comparação com as chapas. Em móveis de design mais robusto, as chapas são “engrossadas” com fitas mais largas, simulando peças únicas.


Parafusos aparentes são cobertos com bolinhas adesivas de PVC no mesmo padrão para manter a uniformidade visual. Para cozinhas e banheiros, recomenda-se o uso de silicone nas juntas para melhor vedação contra umidade, pois outros produtos podem trincar e comprometer a proteção.


MDP


O MDP, ou Medium Density Particleboard, conhecido como aglomerado, é um material amplamente utilizado por grandes fábricas de móveis, especialmente em sistemas modulares e planejados. Por ser mais leve e econômico, é preferido por grandes produções para maximizar lucros. No entanto, marcenarias de alto padrão e projetos personalizados geralmente evitam seu uso, pois o consideram inferior em qualidade e durabilidade em comparação com o MDF. O MDP é mais suscetível a fragilidades, devido à sua composição irregular e grãos maiores, o que pode comprometer a longevidade dos móveis produzidos com ele.


O MDP é um material mais acessível, mas com aparência externa semelhante ao MDF, o que pode confundir o cliente quanto à sua qualidade. Sendo mais leve, com menos resina e madeira, apresenta uma estrutura interna mais porosa e irregular, o que o torna mais frágil e menos recomendado para móveis de longa duração. Seus pontos frágeis são comuns em áreas onde os grãos maiores se encontram, levando a quebras. Lojas que vendem móveis modulados e produções em massa geralmente optam pelo MDP para reduzir custos e aumentar os lucros, limitando também as opções de cores para minimizar perdas.


Embora alguns profissionais defendam seu uso, ele é visto como um material de menor durabilidade e, portanto, inadequado para projetos que priorizam qualidade e longevidade. Por isso, marcenarias que se preocupam com o compromisso e a satisfação do cliente evitam trabalhar com MDP, priorizando materiais mais robustos e duráveis.


OSB



O MDP é semelhante ao aglomerado, mas suas fibras são maiores, o que proporciona mais resistência mecânica e maior tolerância à umidade. Devido a essas características, ele é frequentemente usado com acabamento cru, oferecendo uma estética interessante e de baixo custo. Esse material permite a criação de projetos criativos e esteticamente atraentes, sendo uma alternativa para quem deseja explorar acabamentos mais rústicos ou industriais sem comprometer a resistência. Em projetos de alto padrão, sua versatilidade pode surpreender quando bem aproveitada.


OSB TAPUME



O OSB Tapume é uma versão do OSB (Oriented Strand Board) desenvolvida para resistir a intempéries, sendo comumente utilizado para fechamento temporário de obras. Em geral, ele é verde ou branco e é projetado para suportar o período das primeiras etapas da construção, como as de infraestrutura e fundações. Após esse período, normalmente é descartado, já que, mesmo com resistência à chuva e ao sol, tende a empenar e deteriorar. Em obras maiores e de longa duração, telhas metálicas são utilizadas para cercar terrenos, proporcionando maior durabilidade.


DURATEX




Duratex, embora seja uma marca registrada, tornou-se um termo comum para descrever chapas escuras, densas e finas usadas em fundos de gavetas, armários e pranchetas. Muitas vezes, são revestidas de um lado com laminado melamínico branco para móveis. Há também versões acústicas e decorativas com perfurações que ajudam a absorver e reduzir reflexões sonoras. Essas chapas são mais densas que os MDFs comuns, pois precisam de maior resistência mecânica devido à sua espessura reduzida, o que explica sua coloração mais escura e maior compactação.


PISOS LAMINADOS



Pisos laminados podem ser feitos de MDF, MDP ou vinílicos (PVC). Os vinílicos são resistentes à água, flexíveis e duráveis, sendo uma excelente opção em termos de custo-benefício, especialmente para sobreposições, por conta de sua espessura reduzida. No entanto, é importante observar se os pisos vinílicos de encaixe não apresentam problemas como retração, que pode aumentar as juntas, ou descoloração sob luz solar.


Para pisos de MDF ou MDP, é crucial evitar que a água penetre nos encaixes, pois isso pode danificar o material, exigindo substituições complicadas.



TEKA E BAMBU



Teca e bambu são compostos de madeira maciça formados por várias peças usinadas, criando uma estética agradável e resistente. As chapas de teca utilizam diferentes madeiras para formar o padrão, enquanto as de bambu utilizam exclusivamente o bambu, variando conforme a espécie e o grão. Ambos os materiais oferecem durabilidade e beleza natural, mas possuem chapas menores e custo mais elevado devido ao processo de fabricação e qualidade dos componentes utilizados. Esses materiais são valorizados em projetos que buscam sofisticação e sustentabilidade.



TEKA NAVAL



A madeira teca naval é uma tendência recente em interiores, ideal para ambientes que podem ter contato ocasional com água, como banheiros ou áreas externas cobertas, mantendo um visual sofisticado e durável. Conhecida por sua aplicação tradicional em decks de barcos, ela se adapta perfeitamente a projetos arquitetônicos e mobiliários, desde que utilizada com rejuntamento de silicone industrial para garantir sua resistência e durabilidade. Seu uso permite explorar o conceito náutico, criando ambientes únicos e elegantes.


Além disso, a teca naval pode ser personalizada de acordo com o desenho e paginação desejada, sendo possível encomendar padrões específicos junto a empresas especializadas que executam o projeto sob medida. Isso proporciona exclusividade e um acabamento de alta qualidade para projetos personalizados. No entanto, é essencial não confundir essa madeira com a teca de EVA, que apenas imita visualmente a textura e aparência da madeira verdadeira, mas não possui as mesmas características de resistência e durabilidade, sendo mais indicada para quem deseja uma alternativa mais econômica e menos exigente em termos de manutenção.


CHAPA WALL / MADEWALL



A chapa Wall (ou Madewall) é um material composto de fibrocimento, ideal para substituir lajes de concreto em obras onde o uso de concreto não compensa ou é inviável. Com largura padrão de 1,20m e comprimento em três tamanhos, a mais comum medindo 2,50m, essas chapas são aplicadas sobre estruturas metálicas. Internamente, possuem enchimento de madeira que atua como distanciador, criando um sistema que funciona estruturalmente como uma viga, com os tampos superior e inferior suportando compressão e tração.


Essas chapas são significativamente mais leves que o concreto, tornando-as uma solução prática em projetos que exigem redução de peso estrutural, mas que ainda precisam de rigidez e resistência. Elas são fixadas por parafusos em grelhas metálicas, reforçando a estrutura ao impedir deslocamentos horizontais. Isso aumenta a resistência à flexotorção e flambagem das vigas metálicas, garantindo estabilidade. Com sua modularidade e leveza, são especialmente úteis em construções que demandam agilidade na instalação e flexibilidade estrutural, mantendo a robustez necessária para aplicações seguras e duradouras.


MDF CANALETADO


O MDF canaletado é amplamente utilizado em lojas para exposição de produtos, como suporte de ganchos e mostruários. Disponível em diversas cores, ele também é uma excelente opção para uso decorativo em interiores, conferindo um visual moderno e funcional. Embora não suporte grandes cargas, é ideal para ganchos leves e pequenos, projetados especificamente para esse tipo de aplicação.


Essas chapas têm dimensões adequadas para suportar a carga distribuída de produtos leves, sendo uma solução prática e versátil em ambientes comerciais. Além de sua funcionalidade prática, o MDF canaletado é frequentemente utilizado para criar um efeito visual atrativo em vitrines e painéis de lojas, contribuindo para uma apresentação organizada e esteticamente agradável dos produtos. Sua flexibilidade de aplicação permite que os ganchos sejam facilmente reposicionados, adaptando-se rapidamente às necessidades de exposição.


Em projetos residenciais, o MDF canaletado pode ser explorado como um elemento decorativo, agregando textura e dinâmica ao ambiente. Pode ser utilizado em escritórios para organizar objetos ou até em garagens para expor ferramentas, mantendo a estética aliada à funcionalidade. Por isso, o MDF canaletado se torna uma escolha interessante não apenas pela sua praticidade, mas também pela capacidade de integrar design e utilidade em diversos contextos.



DIVISÓRIAS MELAMÍNICAS


As divisórias melamínicas são painéis modulares, geralmente montados em estruturas de steel frame, muito utilizadas em escritórios para a criação de espaços flexíveis e funcionais. Elas são semelhantes às portas ocas, com preenchimento interno de papelão para leveza e economia, mas, diferentemente dos itens melamínicos mais densos, essas divisórias não são tão resistentes a riscos ou impactos, sendo mais indicadas para ambientes de baixo tráfego e uso controlado.


Essas divisórias são projetadas para serem leves, facilitando a montagem e desmontagem conforme necessário, o que é ideal para espaços corporativos que exigem flexibilidade e mudanças frequentes na disposição dos ambientes. Além disso, elas possuem perfis próprios para a integração de elementos como vidros, janelas e portas, possibilitando a personalização e a adaptação de acordo com as necessidades do projeto, criando divisões visuais sem sacrificar a luminosidade e o visual do espaço.


Em termos de estética, as divisórias melamínicas oferecem diversas opções de acabamentos e cores, permitindo combinações que se alinham com o design do ambiente. Embora não sejam recomendadas para áreas que exigem alta resistência, são eficientes para composições rápidas e versáteis, proporcionando um visual moderno e clean em ambientes comerciais e corporativos.



Fonte das imagens: internet.

Texto por Arquiteto Gabriel Noboru Ishida - www.arkdesign.com.br

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