Como marceneiro, tenho a obrigação de informar vocês.
Como arquiteto, confirmo: é verdade que a massiva maioria dos arquiteto(a)s não sabem especificar estas combinações, guiando-se basicamente por aparências e estilos. E em grande parte, muitos não sabem nem como realmente funciona um móvel, infelizmente. Isso não é como deveria ser, pois historicamente sempre foi papel dos arquitetos detalhar todas as etapas da construção, inclusive dos móveis.
Apenas recentemente com as especializações surgiu essa idéia grosseira de que o arquiteto não precisa saber nada das outras etapas, como se isso não fosse quase possível devido aos excessos de detalhes. Obviamente, não é literalmente possível. Porém, para tudo aquilo que nos cerca constantemente e é super relevante, é fundamental conhecer ao máximo, ao menos ao ponto técnico mínimo, de funcionamento básico. Eu por exemplo não acredito que eu precise entender como funciona dentro de uma dobradiça tipo caneco, mas devo saber quais tipos de dobradiças estão no mercado e como são usadas.
E se por um lado alguns profissionais acreditam que é obrigação do outro profissional (serralheiro, marceneiro, gesseiro, eletricista etc) resolver o projeto para ele(a)s em suas respectivas áreas (discordo completamente, existe um limite saudável que não é praticado), também é verdade que existem arquiteto(a)s excelentes que focando apenas na imagem final, conseguem resultados incríveis. E isso é apenas uma questão de estilos de trabalho, mas a conta pode chegar para o cliente com essa diferença.
Fiquem atentos pois em geral, por falta de conhecimento, muios autores de projetos criam dificuldades para orçar o seu projeto, já que deverá ser em geral redesenhado e alterado, e isso vai te dificultar para o cliente, comparar orçamentos, pois marcenarias diferentes proporão soluções e produtos diferentes, se houver necessidade de ajuste, no caso de ausência de especificação (em geral, em 100% dos casos não há especificação a este nível. Eu nunca vi especificações corretas de materiais no projeto inteiro, nem para marcenaria nem serralheria (eventualmente atendo e emigo NF para serralheria também).
Sobre as marcenarias, não se acanhe em cobrar descrições e especificações completas no contrato ou orçamento. Caso não tenha, não se arrisque: para profissionais sem ética, é fácil colocar as ferragens mais baratas, de baixíssima vida útil. Você não vai perceber tão facilmente nos primeiros meses.
Para nós, para mim, quanto mais bem informado o cliente, melhor. Participe!
Exemplo: dobradiças caneco
Marcas como Blum, FGVTN, Hettich, etc, mais conhecidas, dividem espaço com marcas visualmente idênticas. Algumas marcas, tem as paredes das chapas metálicas tão finas que conseguimos dobrar com as mãos, sem ferramentas. Mas, o contorno é muito semelhante.
Há no mercado corrediças, tão finas que se retorcem ao uso, balançam demasiadamente, de marcas anônimas ou genéricas. Os preços são gritantemente mais baixos, e sua durabilidade também. É preferível uma corrediça de bolinha branca que uma telescópica de baixo padrão.
Caso o projeto de mobiliário não seja realizado por Ishida Arquitetura (já que é especificado em todos os sentidos), arrisque solicitar especificação de marcas de ferragens, e de MDFs, espessuras, marcas de puxadores... Pois a comparação entre orçamentos será justa, quando procurar execução dos móveis. Aplique esta regra a chapas também, existem chapas de baixa qualidade no mercado, mesmo as brancas. Uma empresa que tiver receio de anotar no orçamento ou num contrato, pode estar pretendendo usar produtos de baixa qualidade.
Também não vou indicar aqui marcas pois são muitas. As ilustrações são apenas para mostrar itens, não para sugerir marcas. A pesquisa é sempre uma boa solução! Pelo menos para parear marcas similares, pois nem todas as marcenarias usam todas as marcas por uma questão de aproveitamento e rendimento. Apenas fuja da ausência de especificação, mas verifique a que está sendo orçada.
O que deve ser especificado?
Do meu ponto de vista, especificações que interferem no orçamento comparativo, você deve ficar atento(a):
- Se é MDF ou MDP. O primeiro é de alta qualidade, o segundo é aglomerado, muito usado em grandes marcas, com margens muito maiores.
- Cor da chapa colorida e fita de bordo;
- Espessura da fita de bordo;
- Espessura das chapas internas e externas;
- Dobradiças (marcas/modelos aceitáveis)
- Corrediças (marcas/modelos aceitáveis)
- Kits de correr, carga, ajustes, marcas para portas de correr - especificação exata! Existem muitos modelos e preços, e carga que estão previstas.
- Amortecimento ou não de portas de correr
- Trilhos superiores e inferiores, portas de correr
- Sapatas de aço resistente de ajuste de níveis
- Puxadores, marca do perfil (muitos são parecidos mas as espessuras são diferentes)
- Pulsadores magnéticos, tipologia e marca
- Marcas de tomadas de embutir
Em todo caso, esta recomendação em etapa de projeto arquitetônico, ou no orçamento se a marcenaria fizer o projeto, é apenas para te ajudar a não comprar gato por lebre, e para caso deseje comparar de forma mais próxima orçamentos de marcenarias diferentes. Entretanto, esses não são os únicos fatores. Principalmente, reputação, qualidade da mão de obra, e recomendações são fatores chave e que pesam muito, ainda que não tenha no projeto a recomendação, boas empresas recomendam e utilizam materiais de primeira qualidade. E isso certamente incide no custo.
Dica adicional: Marcas fora de linha
Recomendo, na hora de escolher, pedir catálogo não tão antigo ou atualizado.
Observar se, caso pretenda realizar obras posteriormente com a mesma chapa, se é uma linha que se prevê continuar ou se já saiu. Pois pode não haver disponível futuramente, nem em estoques de queima. Para itens menores, isso é irrelevante. Mas visualmente, as chapas interferem.
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