- Arq.Gabriel Noboru Ishida
Muji e Hygge: Design japonês e nórdico
O que há em comum entre o design nórdico, também chamado Hygge, e o design japonês contemporâneo, conhecido como Muji?
Apesar de terem raízes completamente diferentes, são muito semelhantes na sinestesia.

Neste artigo, tratarei do design nórdico apenas, porém, o efeito final e alguns valores são os praticamente os mesmos que o Muji - claro, numa primeira análise visual.
Fora isso, o design brasileiro também é muito semelhante... também farei um artigo importantíssimo sobre o mesmo, senão o mais importante!
O Hygge: origens
Antes de entrarmos no Hygge, devemos voltar às raízes do modernismo - e seu funcionalismo e ideologias, propostas e esperanças. E antes do modernismo, a origem do plywood - compensado: a alma inicial do mobiliário industrializado europeu, que ganhou o mundo.
Em resumo, quem inventou o compensado foram os antigos egípcios. Eles cortavam a madeira em partes finas e colavam com veios transversais. Em 1797 Samuel Bentham patenteou métodos e máquinas para produção de compensados, colados com verniz e outras resinas. Mas os cortes dele eram retos com relação ao tronco, eram fatias apenas e por isso não poderiam ser maiores que o tronco.
Em 1947 Immanuel Nobel inventou o torno rotativo, que como um apontador de lápis, mas paralelo, gerava laminas enormes de madeira até o esgotamento do tronco (se bem que este torno rotativo tenha registros na França em 1860). Em 1880 alguns artistas já utilizavam compensado para pintar, substituindo as telas.
Após a invenção do compensado, o Modernismo, influenciado por idéias definidas na Carta de Atenas (o manifesto Modernista, redigido num luxuoso navio no Mediterrâneo), também montado sobre alicerces de diversas ideologias da época, movimentos filosóficos e religiosos, e sobretudo econômicos, deu início aos móveis que hoje conhecemos de lojas de departamento.
Através da Bauhaus principalmente, e outros designers, o compensado e a idéia de mobiliários práticos, espaço fluido e multifuncional, a idéia de a casa servir como máquina e ter um propósito além de abrigo, fez nascer o design funcional.
Sincretismo nórdico
Em sincretismo com a base nórdica de conforto da madeira num clima extremamente frio, a palavra vista pela primeira vez no século 19, que tem associados os conceitos "conforto, aconchego, abraço, segurança, fluxo espontâneo", expressou-se fortemente através do uso de madeiras de reflorestamento e plywood (compensado).
Assim como no Muji japonês, o Hygga é intimamente associado a natureza, e nela busca expressões de relaxamento e significado.
O modernismo na Noruega e Dinamarca expressou-se através do Hygge, com alguns valores sociais em comum, e industriais inovativos.
Então, móveis entalhados a mão, com madeiras claras e lixados, redondos e confortáveis, seguem a base histórica tradicional vernacular nórdica. Já os móveis retos, são pura influência da industria bauhausiana, que é praticamente a industria global atual, de linhas retas, o qual entrou e se naturalizou como Hygge.
Em diversas imagens podemos ver design basicamente mundial industrializado, com cores confortáveis, seu autoproclamando Hygge.
Em alguns aspectos, móveis de peças maciças, trabalhados, pisos acinzentados e peças rosadas para quebrar a frieza (vide Signe Johansen) trabalham em conjunto para criar aquela atmosfera de aconchego quente, com vista para montanhas congeladas.
A forma correta de se pronunciar é "hoo-gah", mas é claro que no Brasil, talvez vire "Rigue".
Já o Muji, possui principios semelhantes e detalhes à parte. Porém, em termos de paleta e grau de conforto, são muito parecidos. E ambos são minimalistas.
Fonte das imagens: internet.
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Texto por Arquiteto Gabriel Noboru Ishida (11)999128929 - www.arkdesign.com.br