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Foto do escritorArq. Gabriel Noboru Ishida

Muji e Hygge: Design japonês e nórdico

Atualizado: 10 de out. de 2024

O que há de comum entre o design nórdico, conhecido como Hygge, e o design japonês contemporâneo, chamado Muji? Embora esses estilos tenham raízes culturais distintas, ambos compartilham princípios essenciais que valorizam a simplicidade, a natureza e o bem-estar. Ambos também se apoiam em uma sinestesia que conecta o usuário ao ambiente, promovendo um espaço de relaxamento e conforto.


Sincretismo Nórdico


O conceito Hygge, surgido no século XIX, traduz-se como "conforto, aconchego, abraço, segurança, fluxo espontâneo". Sua essência se expressa fortemente através do uso de madeiras claras de reflorestamento e plywood (compensado), elementos que remetem à natureza e ao calor em um clima frio. No design Hygge, o sincretismo se dá entre a tradição nórdica e a modernização do mobiliário, resultando em um estilo que mescla a funcionalidade industrial com a estética acolhedora e orgânica das madeiras.


Modernismo Nórdico e a Influência da Bauhaus


O Hygge floresceu na Noruega e Dinamarca como uma manifestação do modernismo, mas com valores sociais e industriais que se alinham com a natureza e o conforto. A base histórica vernacular nórdica, com móveis entalhados à mão, peças redondas e suaves, mostra a influência da tradição, enquanto os móveis de linhas retas revelam a introdução e naturalização dos conceitos da Bauhaus. Essa fusão resultou em um estilo que se apropriou da estética industrial global, porém com a identidade nórdica clara em seus traços.


Em imagens e exemplares de design Hygge, é possível notar que a combinação de cores confortáveis, madeira trabalhada e peças decorativas cria uma atmosfera que equilibra aconchego e funcionalidade, refletindo o sincretismo entre tradição e modernidade. Elementos como pisos acinzentados e detalhes em tons rosados, como sugerido por Signe Johansen, ajudam a quebrar a frieza visual, mas para respeitar a coerência com a paisagem invernal característica dessas regiões. É a criação de um interior que harmoniza com o contexto externo — montanhas geladas e um ambiente que exige certa “frieza” para ser autêntico.


A pronúncia correta de Hygge é "hoo-gah", mas é provável que, no Brasil, seja adaptada para "Rigue" ou "Riga", em função das diferenças linguísticas.


O Muji Japonês: Similaridades e Diferenças


O Muji compartilha muitos dos princípios do *Hygge*, especialmente no que diz respeito à simplicidade e ao uso de materiais naturais. Ambos valorizam o minimalismo, mas vale lembrar que minimalismo vai além da estética; é um estilo de vida. Enquanto linhas limpas e formas simples são características comuns, o verdadeiro minimalismo está ligado ao consumo consciente e à sustentabilidade, não apenas ao design enxuto.


No caso do Hygge e do Muji, essa filosofia de “menos é mais” se traduz em ambientes que buscam o essencial, mas sem perder o conforto e a qualidade dos materiais. A ideia de que minimalismo é apenas a economia de traços é uma simplificação; criar um ambiente realmente minimalista pode ser trabalhoso e, muitas vezes, mais caro. Mas essa complexidade é o que torna esses estilos tão valiosos e marcantes.


Reflexões e Conclusões


O Hygge e o Muji representam muito mais do que tendências de design; são reflexos de uma busca por ambientes que oferecem conforto, aconchego e uma ligação genuína com a natureza. Em um mundo onde o consumo desenfreado é cada vez mais questionado, esses estilos sugerem uma nova forma de viver, onde menos é realmente mais — desde que isso seja construído com qualidade e propósito.


A verdadeira arte do Hygge e do Muji está em encontrar um equilíbrio entre o acolhimento estético e a funcionalidade prática, tudo isso sem sacrificar o conceito de um lar que conecta, relaxa e revigora.



Fonte das imagens: internet.

Texto por Arquiteto Gabriel Noboru Ishida - www.arkdesign.com.br


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